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Fiocruz apresenta resultado de pesquisa em live da CNTS e CNTSS

02/03/2022 02/03/2022 14:11 94 visualizações
Os resultados da pesquisa “Os trabalhadores invisíveis da Saúde: condições de trabalho e saúde mental no contexto da Covid-19 no Brasil”, que teve apoio das duas Confederações, foram apresentados pela pesquisadora Maria Helena Machado, na live realizada na quinta-feira, 24

A pesquisadora da Fiocruz Maria Helena Machado apresentou nesta quinta-feira, 24, o resultado da pesquisa “Os trabalhadores invisíveis da Saúde: condições de trabalho e saúde mental no contexto da Covid-19 no Brasil”, em uma live conjunta da CNTS e da CNTSS.

A pesquisa, que teve o apoio das duas Confederações, revela a vulnerabilidade de 2 milhões de trabalhadores da linha de frente, que vivem com vínculos precários; salários insuficientes, que exige complemento de renda com bicos; estrutura e infraestrutura de trabalho precárias, inadequadas e impróprias; falta e/ou escassez de Equipamento de Proteção Individual (EPIs); desproteção no trabalho. Em síntese, vivem em um estágio de pré-cidadania profissional.

O estudo, que contou com a participação de 21.480 trabalhadores de 2.395 municípios de todas as regiões do país, ainda revelou 49,3% sofrem por excesso de trabalho em razão de cobrir a falta dos colegas que adoeceram ou morreram por Covid-19.

Falta de treinamento e proteção – Outro dado destacado no estudo diz respeito a falta de proteção e treinamento destes profissionais durante a pandemia. Um terço dos entrevistados, 31,6%, denunciam que o estabelecimento/empresa os quais estão vinculados não fornecem material de proteção na quantidade necessária e 10% afirmam que oferecem raramente. E 54,4% não receberam qualquer treinamento ou buscaram algum conhecimento via vídeos na internet ou com os colegas em uma conversa. Além disso, 41% dos profissionais contraíram Covid-19, sendo que boa parte realizou o teste na instituição que trabalha ou por conta própria.

A pesquisa da Fiocruz ainda aponta que 52,9% dos trabalhadores “invisíveis” da saúde não se sentem protegidos para atuar na pandemia e 29,7% têm medo generalizado de se contaminar. A falta, escassez e inadequação do uso de equipamentos individuais de proteção foram relatados por 36,6%.

Desgaste e violência – O estudo também evidencia a situação de desgaste profissional relacionado ao estresse psicológico, à sensação de ansiedade e ao esgotamento mental. Por exemplo, 43,3% enfrentam problemas como alterações no sono, cansaço extremo, alteração de apetite e aumento de consumo de medicações; 19,2% evidenciam dificuldade de concentração; e 14,4% manifestam sensação negativa do futuro/Pensamento suicida.

A violência e a discriminação social estão presentes na vida cotidiana desses trabalhadores, 35,5% admitiram sofrer violência ou discriminação durante a pandemia. Entre as agressões, 36,2% ocorram no ambiente de trabalho, 32,4% na vizinhança e 31,5% no trajeto casa-trabalho-casa.

“Eu chorei muito durante a realização desta pesquisa. Chorei de tristeza e de amargura ao ver a situação dos trabalhadores da saúde. Muitas relataram que eles são invisíveis: ninguém nos ver”, relata Maria Helena Machado.

Para o presidente da CNTS, Valdirlei Castagna, os gestores da saúde, os parlamentares e o setor empresarial precisam proteger os profissionais da saúde e garantir a aprovação das reivindicações históricas da categoria. “É preciso mais sensibilidade do setor empresarial e dos gestores com as reivindicações históricas da categoria. Com a pandemia, obviamente, os trabalhadores da saúde ganharam mais visibilidade e reconhecimento da população, mas isto tem que se traduzir em atos concretos e objetivos. Esperamos que a os responsáveis por melhorar o SUS, que têm uma dívida com os profissionais da saúde, reconheçam a importância destes profissionais e encontrem uma solução para mudar esta triste realidade”, cobra.

O presidente da CNTSS, Benedito Augusto, reforçou a importância da pesquisa para a sociedade e a relação de trabalho. “Quando há aproximação da pesquisa científica com o modus operandi da vida social que nós levamos, de fato, se começa a construir uma sociedade democrática. Com isso, se começa a humanizar o que entendemos por mundo do trabalho ideal”.

Encaminhamentos – Entre os encaminhamentos discutidos na live estão a realização de um seminário nacional para apresentar os resultados da pesquisa às entidades de classe e aos conselhos regionais. E neste seminário será discutido propostas nacional, estaduais e municipais que serão apresentados às autoridades.

Imagem, fonte e texto: CNTS